sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Quando Nietzsche chorou - Irvin D. Yalom


Sou admiradora da filosofia nietzscheana e fui presenteada com a obra que intitula esse post pela querida amiga BelaIsa.

Há anos queria manuseá-la e, enfim, após 373 páginas de atenção, eis que posso comentá-la. Mas, dessa vez, embora tenha comigo o DIREITO de comentá-la, não o farei. Apenas sugiro-a não só aos partidários das torturantes idéias de Nietzsche, como também aos seus simpatizantes e, principalmente, àqueles que, como eu, deixaram-se atormentar por ver-se presos a uma irrevogávl sina.

AMOR FATI!


(Friedrich Nietzsche)


(Josef Breuer e Mathilde )


(Sigmund Freud)


(Bertha Pappenheim - Anna O.)


(Lou Salomé)



(Paul Rée)


(Lou, Paul e Friedrich)
Como diria um conhecido meu, "essa é fodástica!"





segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A menor mulher do mundo por Luis Fernando Verissimo

Ainda falando de Clarice na Cabeceira, Editora Rocco,
extraimos o seguinte trecho, do
CONTO: A menor mulher do mundo
DO LIVRO: LAÇOS DE FAMÍLIA
APRESENTAÇÃO: Luis Fernando Verissimo

“Foi, pois, assim que o explorador descobriu, toda em pé e a seus pés, a coisa humana menor que existe. Seu coração bateu porque esmeralda nenhuma é tão rara. Nem os ensinamentos dos sábios da Índia são tão raros. Nem o homem mais rico do mundo já pôs olhos sobre tanta estranha graça. Ali estava uma mulher que a gulodice do mais fino sonho jamais pudera imaginar. Foi então que o explorador disse, timidamente e com uma delicadeza de sentimentos de que
sua esposa jamais o julgaria:
— Você é Pequena Flor.”




O grande escritor brasileiro conhecido por suas crônicas e textos de humor, publicados diariamente em vários jornais brasileiros, Luis Fernando Verissimo, se manifesta sobre Clarice da seguinte forma,

EM 1953 MEU PAI FOI CONVIDADO a dirigir o Departamento de Assuntos Culturais da União Pan-Americana, ligada à Organização dos Estados Americanos. Fomos para Washington, uma aborrecida cidade burocrática, no começa da era Eisenhower. O diplomata Maury Gurgel Valente e sua mulher Clarice estavam lá com os dois filhos, Pedro e Paulo, e foram os primeiros brasileiros a dar boas-vindas aos recém-chegados. Eles seriam os melhores amigos dos meus pais nos quatro anos em que ficamos em Washington. Clarice e minha mãe, que não poderiam ter personalidades mais diferentes, tornaram-se amigas de infância. E sem que houvesse qualquer cerimônia, meus pais foram designados padrinhos extraoficiais do filho mais moço dos Valente, o Paulo. (Uma vez fui levar Clarice e os dois meninos em casa de carro e na chegada o Paulinho perguntou: “Não quer entrar e tomar um cafezinho?” Grande surpresa. Ele mal começara a falar, era provavelmente a primeira frase inteira que dizia.) Várias fotografias da Clarice, inclusive algumas que têm saído na imprensa, foram tiradas pelo meu pai durante o convívio dos dois casais naqueles anos americanos. Também houve uma designação extraoficial do meu pai como fotógrafo exclusivo da Clarice.

Eu tinha 16 anos quando chegamos a Washington e a minha primeira impressão da Clarice foi a de todo mundo: fascinação. Com a sua beleza eslava, os olhos meio asiáticos, e erre carregado que fava um mistério especial à sua fala, e ao mesmo tempo com seu humor e seu jeito de garotona ainda desacostumada com o tamanho do próprio corpo. O fato de que aquela Clarice era a Clarice Lispector não dizia muito. Eu sabia que era uma escritora meio complicada, nunca tinha lido nada dela. Só quando voltamos ao Brasil li O lustre, Perto do coração selvagem e, depois, os contos, extraordinários. “A legião estrangeira”, “Amor”, “Uma galinha”, “Macacos”, “Laços de família”, “Festa de Aniversário” e tantos outros, e o melhor conto que conheço em língua portuguesa, “A menor mulher do mundo”.

Em 1962 saí de Porto Alegre e fui morar com minha tia, no Rio. A Clarice, que então já estava separada do Maury, era nossa vizinha no Leme e pude conviver, e me fascinar, um pouco mais com ela.

Anos mais tarde, folheando alguns livros da Clarice, dei com uma dedicatória dela em A maça no escuro, para “meus queridos Erico e Mafalda”. Uma dedicatória brincalhona, datada de julho de 1961, em que ela destaca que o preço do livro nas livrarias é de 980 cruzeiros e que portanto está lhes dando um presente valiosíssimo, e recomenda que ele seja protegido com uma capa colante, do tipo que gruda na mão e “prende” o leitor. No fim há um adendo que eu ainda não tinha visto: “Luis Fernando, considere este livro seu também, por favor. Divida 980 por três e você terá preciosa parte. Sua Clarice”. A lembrança de Clarice vale bem mais do que 980 cruzeiros. Mesmo com todas as correções monetárias acumuladas em 47 anos.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Como faz tempo q nao publicamos nada no blog e como é um espaço originariamente feminino (embora os leitores sejam sempre bem-vindos), vou dividir com vcs uma poesia recente que fiz... beijinhos floridos!

...



Tenho inveja das mulheres de riso fácil.
Me encanto com elas
E a beleza dos dentes à mostra,
De boca aberta,
Me comove.
Nelas, os olhos sorriem antes dos lábios.
Elas irradiam uma luz que parece que vem do nada
E vai para o nada.

Invejo as brincalhonas, estabanadas.
Invejo as dançarinas de plantão.
Invejo as falantes, cujas palavras
Viajam sem rumo.
As curiosas bisbilhoteiras.
As que não perdem tempo pensando tanto.
Invejo sobretudo as vaidosas.
Invejo muito as que aos olhos do mundo, vivem.

Tanta inveja só não me mata
Porque sei que não sou assim tudo,
não porque não consigo,
mas porque não sou.
E essa ideia me aconchega.
E sou o que sou
Talvez um nada,
ou só uma invejosa.

A natureza invejosa, na verdade, me cresce,
Me dizendo: sei admirar
E poucas pessoas têm esse dom.
Sou o que sou:
uma invejosa admiradora.
Uma admiradora invejosa.
E como sei que não serei o que invejo,
Apenas admiro e amo.

(frô)